Pesquisar neste blogue

domingo, 7 de novembro de 2010

                                                                 
A prosa pode envolver poesia – por via de uma linguagem cuidada, assente em imagens, falando à nossa sensibilidade. E os exemplos abaixo são demonstrativos disso mesmo.

Da escuridão chegámos, para a escuridão vamos.

A vida é nada, a vida é tudo. É a mão com que seguramos a morte. É o pirilampo que brilha na noite e que desaparece na manhã; é o respirar branco da gazela no Inverno; é a pequena sombra que corre sobre a erva e se perde ao pôr-do-sol.

A vida? Gotas de luar
Gotas caídas
De gerânios a abanar.

Pobre, intrincada alma! Enigmática, perplexa, labiríntica alma humana!

Pequena alma errante, hóspede e companheira da noite
o corpo, para onde irás tu agora, pálida, rígida e nua, sem poderes brincar como dantes?

De fora da escuridão viemos, para a escuridão vamos…

Abençoado seja o que inventou o sono, a manta que cobre todos os pensamentos humanos, o alimento que satisfaz a fome, a bebida que apazigua a sede, o fogo que aquece o frio, o frio que modera o calor, e, finalmente, a moeda corrente que compra todas as coisas, e a balança e os pesos que igualizam o pastor e o rei, o ignorante e o sábio.

Os dias dos seres humanos são como a erva: como a flor do campo assim florescem, mas mal o vento sopra, logo deixam de existir, e o seu lugar não mais conhecem.

Espero passar por este mundo apenas uma vez; por isso, qualquer bem que eu possa fazer, qualquer acto de bondade que possa mostrar para com as criaturas minhas irmãs, quero realizá-los imediatamente. Não quero adiar ou esquecer, porque não percorrerei mais este caminho.

Irmãos humanos que depois de nós viveis:
Contra nós um coração duro não useis.
Tende sim piedade de nós
Para que também Deus tenha misericórdia de vós.

Sem comentários:

Enviar um comentário